Quase
Memória
Sinopse: Carlos é um homem
condenado aos desassossegos da memória que encontra-se com ele mesmo em uma
dobra de tempo. Carlos jovem está diante do esquecimento de Carlos velho, que
já não se lembra sequer do próprio rosto. Recebem um pacote. Mas o pacote
parece estranho. O nó que o amarra, o cheiro, a letra no envelope: a encomenda
só poderia ter sido enviada por seu pai, Ernesto, morto há anos. Um pai que
sempre criou situações inusitadas. Nessa dobra do tempo, há um Carlos que
lembra e há um Carlos que esquece, as suas divertidas memórias ao lado desse
pai genialmente louco.
Crítica por Juliana
Meneses: Teatro,
essa é a palavra chave para o novo longa metragem do grande diretor Ruy Guerra.
Trazendo como protagonistas Tony Ramos e Charles Fricks, os dois são o mesmo
homem, um do passado e outro do presente, que se encontram de forma inexplicável
e creem que juntos devem rememorar algo esquecido.
Baseado
no Livro de Carlos Heitor Cony, de mesmo nome, a história conta com uma série
de anticlímax, fugindo totalmente do estilo tradicional ao qual o público está
acostumado, mas isso não é problema quando se tem um bom elenco disposto a
realizar um admirável trabalho, numa fábula sobre o tempo.
Após
receberem um pacote que não ousam abrir, os dois Carlos percebem que a figura
principal das memórias era o remetente, o pai (João Miguel), figura de várias
facetas, nem todas conhecidas por eles, para ajudá-los nessas lembranças vários
personagens que conviveram com o pai no passado voltam de forma misteriosa. As
lembranças vem de forma desordenada e nem sempre parece ser verídica, na
verdade não importa se são, o que é fundamental é o sentimento que cada
lembrança desperta nos personagens.
Utilizando-se
de passados burlescos e realismo fantasioso Ruy coloca a importância do tempo
elevada, ele é quase um personagem ao qual se relaciona diretamente com a
memória e a influencia. Trazendo uma trilha sonora de ópera, com estética de
teatro e circo o filme tem fotografia intimista, cenários teatralizados,
contando também com boa maquiagem e figurinos.
Os
planos do filme são muito interessantes e mágicos, dando a sensação de sonhos e
lembranças. O Carlos da infância era feliz, o Carlos velho não se importa com a
vida, não tem contato com o mundo externo, prefere se isolar do que sofrer; o
filme nos faz refletir sobre a visão que temos da velhice e de que envelhecer
será triste e solitário, a infância torna-se algo perfeito, por mais que não
tenha de fato sido, cria-se idealizações de um passado de glória e felicidade e
pensasse num presente de tristeza e desapontamento com o que se tornou.
O
Elenco em geral fez um bom trabalho, num texto difícil, tanto os personagens
dos dois Carlos Tony Ramos e Charles Fricks, com diálogos densos e profundos,
Tony Ramos se destaca com um emocionante monólogo no final, quanto o restante
dos atores num passado burlesco. O embarque no filme é visto por parte de
todos, o roteiro é bastante original.
Ficha
Técnica
Título Original: Quase Memória
Título no Brasil: Quase Memória
Direção: Ruy Guerra
Roteiro: Ruy Guerra, Bruno Laet, Diogo Oliveira
Elenco: Tony Ramos, João Miguel, Charle Fricks,
Mariana Ximenes
Produção: Kinossaurus Filmes
Trilha Sonora: Tato Taborda
Gênero: Comédia
Ano: 2015
País: Brasil
Cor: Colorido
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