10 Anos, divorciada
Sinopse: Nojoom é uma menina
iemenita nascida em uma família rural tradiçional. Depois que sua irma mais
velha é estuprada, a família, por uma questão de honra, se vê obrigada a
abandonar suas terras e ir para a capital, Saana. Sem entender o que está
acontecendo Nojoom é obrigada a casar aos 10 anos e levado por seu marido, um
homem de 30 anos, para outra tribo. O pai precisa do dinheiro do dote da filha
para pagar o aluguel. Assustada e inconformada com a violência sexual e o
trabalho pesado, ela foge e vai buscar ajuda na justiça, pleiteando o divórcio.
Crítica por Juliana
Meneses: Após
se mudar para uma cidade maior, Najoom (Reham Mohammed) e sua família
passam muitas dificuldades financeiras, até que seu pai a casa com um homem de
trinta anos, mesmo a menina tendo apenas dez. O impacto do filme em quem vive
numa sociedade em que a pedofilia é crime, é muito grande, durante o casamento
a menina vende a aliança para comprar uma boneca, vemos como a personagem era
totalmente pueril e não fazia ideia do que a esperava.
Desde
o início somos impactados com o sofrimento de uma garotinha tão pequena que já
tem que lidar com uma situação extremamente difícil. O marido não espera a
menina entrar na puberdade e a estupra diariamente como se tivesse poder sobre
seu corpo frágil e em formação. A sogra inflama o marido contra a menina e a
cada lágrima dela ou a cada tarefa não cumprida, ela incita que ele deve dar surras
para a menina "aprender". Causa bastante aflição vermos o sofrimento
e violência explícito, extremamente apropriado para retratar uma história real.
Aos
poucos no decorrer do filme o fio vai se desenrolado e vamos entendendo o que
houve para seu pai entregá-la por um dote, mas por pior que fosse a vida da
família e por mais problemas que eles tenham passado, vemos o sofrimento
latente de uma criança que teve a infância interrompida e nos comovemos
profundamente.
A
atuação de Reham Mohammed no longa é muito boa, passando da ingenuidade para o
desespero e medo que sua personagem sentiu, toda carga que ela não suportou,
muito comovente. A fotografia do filme é bem trabalhada e o roteiro muito bom,
não seguindo uma ordem cronológica, mostrando cenas no inicio que serão
explicadas quase no desfecho.
O
filme faz também uma crítica a desigualdade social, como por falta de
conhecimento e estudo os povos tribais não tem o discernimento necessário para
identificar quais atitudes norteadas por tradições são inadequadas, quando não
perversas, como no caso do casamento infantil, no Iêmen não há nenhuma lei que proíba
o casamento de meninas com homem muito mais velhos e as tradições religiosas não
reprimem como incentivam, o que faz difícil de acabar com a prática. O conceito
de infância parece não ser conhecido pela maioria, que adultiza as crianças,
não apenas casando-as mas também com uso de trabalho infantil. Um filme que
gera reflexão e empatia.
Ficha
Técnica
Título Original: Ana Nojoom bent alasherah wamotalagah
Título no Brasil: 10 anos, divorciada
Direção: Khadija Al - Salami
Roteiro: Khadija Al - Salami
Elenco: Reham Mohammed, Naziha
Alansi, Rana Mohammed, Ibarhim Alashmori, Abdo Ali, Amena Hassam, Shafikha
Alanisi
Produção: Sheikha Prohaska-Alatas
Trilha Sonora: Thierry David
Gênero: Drama
Ano: 2014
País: Iêmen
Cor: Colorido
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