JASON BOURNE

JASON BOURNE

JULIETA

JULIETA

domingo, 12 de agosto de 2012

.. NÃO NOS DEIXAI CAIR EM TENTAÇÃO ?? ..


360 é quantos graus tem o giro que a Terra dá em torno de si própria, até voltar ao ponto de partida pra começar tudo outra vez. É também o título do mais novo longa dirigido por Fernando Meirelles, que abriu na noite de ontem, com pompa e circunstância, o 40º Festival de Cinema de Gramado.


Jamel Debbouze - Algerian Man e Dinara Drukarova - Valentina (divulgação)

A princípio parece apenas mais um filme-colagem: estilo em que várias tramas independentes correm paralelas, interconectando-se em algum momento. Mas à medida que a narrativa segue, novas facetas vão se revelando. São 9 histórias de personagens a primeira vista totalmente distintos, de diferentes religiões e nacionalidades. Para além da mera casualidade dos encontros, um ponto em comum cercado de sutilezas intersecciona a vida desses personagens. Todos eles são colocados diante de uma encruzilhada, que chamarei aqui de “tentação”, onde precisam fazer uma escolha: Trair ou ser fiel? Pular a cerca ou segurar a onda? Render-se ao desejo carnal profano e momentâneo, ou manter-se firme nos laços sagrados que regem a moral religiosa e a ética familiar? Enfim: se segurar ou prevaricar? Eis a questão. Cada personagem lida com essa “tentação” de modo diverso, mas não é difícil adivinhar que quase todos “caem na tentação” e acabam tendo que arcar com as consequências de suas escolhas. Todavia, por uma interessante e ousada ironia dramática, justamente o que personagem de quem se espera os atos de maior “vandalismo libidinal” – um psicopata especializado em crimes de agressão sexual – é quem consegue de fato a façanha de domar o imperativo de seu desejo, num momento em que todos admitem e até torcem para que ele também caia na teia florida da tentação; inclusive nós, meros espectadores. Um golpe certeiro do roteiro de Peter Morgan.

 Ben Foster (divulgação)
O elenco esbanja charme. Meirelles sabe extrair o melhor de cada ator e a atuações são quase sempre memoráveis. Os principais destaques são: Anthony Hopkins, que felizmente conseguiu sair da mesmice que vinha imprimindo a seus últimos papeis; Ben Foster, cujo mergulho no universo do personagem confere uma densidade inesperada a um biotipo por si só fascinante e lugar-comum;  e Maria Flor, que surpreende pela desenvoltura com que contracena com essas feras sem perder a naturalidade e garantindo a emoção à “flor” da pele. Aquela que o público brasileiro não abre mão .. Maria Flor é a grande (e boa) surpresa deste elenco e, sem dúvida, 360 representará um divisor de águas em sua careira.
  Maria Flor na coletiva de imprensa (foto Graça Paes/Rio News)



A trilha sonora funciona impecavelmente. Cada historinha tem seu tema. Canções e personagens estão tão sintonizados que em um deles é o próprio ator que compõe e interpreta sua música tema. Pensaram no Jude Law? Não. Anthony Hannibal Hopkins. Ele mesmo, compondo e cantando.



E o que dizer da direção do filme? Como era de se esperar, destila competência, sutileza e conhecimento de causa. Pensando em fazer um filme sobre as emoções humanas e partindo da premissa poética de que “só o que se esconde pode ser revelado”, o diretor opta por sugerir mais que explicitar, “deixando um espaço para que o espectador complete em sua cabeça o que não vê na tela”, nas palavras do próprio Meirelles. Faz uso de movimentos de câmera não sincronizados com o movimento dos atores, e prioriza focos e enquadramentos pouco usuais, geralmente deixando a ação real do filme não tão centralizada, nem tão focada .. enfim, não tão explícita quanto estamos acostumados a ver no cinema contemporâneo. A fotografia de Adriano Goldman acompanha com maestria as concepções da direção, usa e abusa da luz natural, e não é casual a captura das imagens em 16 milímetros, que na telona resulta numa textura diferente da habitual, um pouco mais granulada, pondo “uma espécie de véu entre o objeto fotografado e quem está assistindo”. As opções acertadas de direção e fotografia conferem grande eficácia estética ao produto final, contribuindo decisivamente para que o filme alcance o almejado clima de drama psicológico e um charme atemporal .. imprescindíveis !!

Fernando Meirelles (divulgação)

O filme foi montado na O2 que também realizou os efeitos. A montagem de Daniel Rezende é tradicional e competente. Usa clichês propriedade, como é o caso da Tela Divida, que veste o filme como uma luva. Fica ao final uma sensação que algumas histórias saíram mal terminadas. Terá faltado tempo nos 110 minutos para todas as explicações? Ou foi mais um “de propósito” conceitual, pra que o espectador conclua essas histórias por si mesmo. Não sei. Veja o filme e conclua por si mesmo !!



Até loguinho

.DarioPR



.. E LIVRAI-NOS DO MAL ?? AMÉM ..


2 comentários:

  1. Um filme da historia de varias pessoas, e que retrata um pouco a vida real, numa forma particular! Cópia de outros filmes do genero, mas mesmo assim gostei... Anthony Hoppins é um dos meus actores preferidos...

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  2. Pois é, Tio Anthony dá um show a parte no filme ..
    Pra mim a melhor cena dele é o monólogo na reunião do AA.
    Aliás, quase todo o texto da cena foi escrito também por ele.
    Imperdível !!
    Abç
    .DarioPR

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