JASON BOURNE

JASON BOURNE

JULIETA

JULIETA

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

OBRA DE APICHATPONG WEERASETHAKUL PELA PRIMEIRA VEZ EM EXPOSIÇÃO NO RIO



Exposição no Oi Futuro no Flamengo abre dia 26 e reúne sete filmes curtos realizados pelo cultuado cineasta tailandês, além de seu mais recente longa,Hotel Mekong”· Durante a mostra, será lançado um livro com imagens e textos críticos inéditos.



Pela primeira vez, os cariocas poderão ver por um outro ângulo o trabalho do artista multimídia cult Apichatpong Weerasethakul. Inteiramente dedicada à obra do cineasta, a mostra, que poderá ser visitada no Oi Futuro no Flamengo a partir do dia 26 de novembro, está centrada na exibição de “Hotel Mekong” (2012), último trabalho do diretor, lançado no Festival de Cannes no ano passado. A obra ocupará uma galeria inteira, para a qual uma sala não convencional de cinema foi criada. O filme traz personagens entre o real e o fantasmagórico, nos quartos de um hotel vazio à beira do Rio Mekong. Nele, está o próprio diretor, que investe nos relatos orais de personagens locais, compondo uma música com Chai Bhatana, em uma espécie de ensaio metalinguístico, que segue o curso do filme-rio.

“A mostra de Apichatpong Weerasethakul encerra com chave de ouro a programação 2013 do Oi Futuro no Flamengo”, declara Roberto Guimarães, diretor de Cultura do Oi Futuro. “Para nós, é um prazer poder trazer, para o Brasil, a obra deste que é um dos artistas mais cultuados, no momento. E que transita tão bem entre o cinema e as artes visuais”, conclui.

Apresentados simultaneamente a “Hotel Mekong, estarão sete filmes curtos do artista. São eles: “Cactus River” (2012), “Ashes” (2012), “Uma Carta para o Tio Boonmee” (2009), “Vampiro”(2008), “Pessoas Luminosas” (2007), “Esmeralda” (2007) e “O Hino” (2006). Vistos em conjunto, esta matéria fílmica parece iluminar ainda mais sua beleza e conceitos. São filmes que dialogam intensamente com sua obra e especialmente com Hotel Mekong.

Antes de chegar ao Oi Futuro no Flamengo, a mostra pôde ser vista no Oi Futuro em Belo Horizonte, de 3 de julho a 1º de setembro deste ano. Para a curadora Francesca Azzi, Apichatpong Weerasethakul recria fronteiras entre a ficção e o documentário, o realismo e alegoria, a memória e o presente. Sua obra está especialmente centrada nas questões que envolvem a força da natureza (o rio, a floresta, os animais), que vêm da forte tradição budista de seu país, e as forças sobrenaturais dos fantasmas (influenciado pelo animismo). Em seus filmes, o artista investiga a forte cultura oral tailandesa e explora temas-tabu como a afetividade homossexual, a reencarnação como elemento de dúvida e comprovação e a presença do militarismo no norte da Tailândia.

Weerasethakul tem realizado, também, desde 1998, exposições e instalações em diversos países. Suas instalações incluem o projeto em telas múltiplas, intitulado “Primitive” (2009). Além de fazer parte de coleções de vários museus importantes, esse projeto foi apresentado em diversos locais, tais como: a Haus der Kunst de Munique, o Musée d’Art Moderne de la Ville deParis e o New Museum de Nova York. Em 2012, apresentou uma instalação na Documenta de Kassel. Seus projetos mais recentes incluem filmes online para o Mubi (“Ashes”, 2012) e para oWalker Art Center dos Estados Unidos (“Wonders of the World”, 2012).

A exposição “Apichatpong Weerasethakul” ficará em cartaz no Oi Futuro no Flamengo até 9 de fevereiro de 2014, e conta com patrocínio da Oi, com realização do Oi Futuro e produção e idealização da Zeta Filmes. Durante a mostra, será lançado um livro da exposição pela Coleção Arte & Tecnologia do Oi Futuro.

Sobre o artista


Apichatpong Weerasethakul
Apichatpong Weerasethakul é considerado uma das vozes mais originais do cinema atual. Nascido em Bangok, em 1970, seus seis longas, diversos curtas e instalações lhe renderam reconhecimento Internacional e numerosos prêmios em festivais de todo o mundo. Com o filme “Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas”, Weerasethakul ganhou a Palma de Ouro em Cannes em 2010. Seu trabalho anterior “Síndromes e um Século” (2006) foi eleito, no final de 2009, por mais de 60 curadores, historiadores de cinema, arquivistas e programadores como o melhor filme da década numa votação organizada pelo TIFF (Toronto International Film Festival) Cinematheque. “Tropical Malady”, seu filme de 2004, recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e “Blissfully Yours” recebeu o Prêmio Un Certain Regard, em Cannes, no ano de 2002. Seu último filme, “Hotel Mekong”, foi lançado no Festival de Cannes em 2012.

Weerasethakul começou a fazer filmes e vídeos em 1994 e completou o seu primeiro longa em 2000. Suas obras não-lineares, líricas e, muitas vezes, fascinantemente misteriosas lidam com a memória e invocam, de maneira sutil, questões sociais e de política pessoal. Trabalhando de forma autônoma, ele se dedica a promover o cinema experimental e independente por meio de sua produtora, fundada em 1999, Kick the Machine Films.

 
OS FILMES DA EXPOSIÇÃO
HOTEL MEKONG 
61 min., 2012, Tailândia/Reino Unido, Digital
No nordeste da Tailândia, às margens do rio Mekong, que marca a fronteira com o Laos, está oHotel Mekong. Apichatpong Weerasethakul ocupa seus quartos e varandas para ensaiarEcstasy Garden, um filme que escreveu há anos atrás. Neste espaço, recria uma narrativa que embaralha diversos níveis de realidade, fato e ficção, para explorar os vínculos possíveis entre uma mãe vampira e sua filha, jovens amantes e o rio Mekong que flui como o som da música de Chai Bhatana. Filmado em meio a grandes inundações que afetaram esta região em 2011, Weerasethakul entrelaça diferentes camadas de sentido: destruição, política e sonhos à deriva do futuro.
ASHES / CINZAS
Tailândia| 2012|20 min.
“Ashes” contempla o amor, o prazer, e a destruição da memória. A periferia da vida cotidiana é partilhada com extremo intimismo. Para Apichatpong, a Tailândia, enquanto cheia de beleza, colapsa lentamente na escuridão.

CACTUS RIVER/ KHONG LANG NAM
Tailândia|EUA| 2012| 10 min.
Depois de ter participado de meu filme em 2009, Jenjira Pongpas trocou seu próprio nome. Como muitos tailandeses, ela estava convencida de que o novo nome lhe traria boa sorte. Jenjira tornou-se, então, Nach, que significa água. Logo em seguida, ela encontrou, na internet, um soldado aposentado chamado Frank, da cidade de Cuba, localizada no Estado do Novo México, nos Estados Unidos. Eles se casaram poucos meses depois e ela se tornou oficialmente a Sra. Nach Widner. Os recém-casados encontraram uma casa perto do rio Mekong onde Nach havia crescido. Ela passa a maior parte do dia fazendo sapatinhos de bebê em crochê para vender, enquanto ele se diverte trabalhando no jardim e assistindo televisão, às vezes, sem som, pois a maioria dos programas é em tailandês.
Cactus River é um diário sobre o tempo que passei visitando o casal e sobre os vários temperamentos da água e do vento. O fluxo dos dois rios – Nach e Mekong – ativa as minhas memórias sobre o lugar onde rodei vários filmes. Durante muitos anos, esta mulher, cujo nome já foi Jenjira, apresentou-me ao rio e à sua história, bem como à sua própria vida e às suas opiniões sobre o futuro iminente do Mekong. Ela tem certeza de que, em breve, não haverá água no rio devido às construções de barragens em seu curso na China e no Laos. Percebi, também, que Jenjira não existe mais.” – Apichatpong Weerasethakul.

A LETTER TO UNCLE BOONMEE /UMA CARTA PARA O TIO BOONMEE

Tailândia/Reino Unido/Alemanha | 2009 | Digital, 18 min.
" alguns anos atrás, visitei um templo próximo à minha casa e lá, um monge me ofereceu um pequeno livro intitulado "O Homem Capaz de Recordar suas Vidas Passadas". No volume, o monge escreveu sobre Boonmee, que era capaz de recordar as múltiplas vidas que teve nas cidades do nordeste tailandês. Em 2008, escrevi um roteiro inspirado na reencarnação de Boonmee, e comecei a viajar pela região à procura de seus descendentes e parentes vivos. Encontrei seus dois filhos, que me falaram sobre o pai deles. Em dezembro de 2008, em Nabua, aluguei uma série de casas que julguei apropriadas para representarem a casa do Tio Boonmee no longa-metragem proposto. Este curta é uma carta pessoal descrevendo a Nabua que conheci para o tio Boonmee. O filme é composto por tomadas dos interiores das casas ao cair da noite. Todas estão desabitadas, com exceção de uma casa ocupada por um grupo de soldados, representados por alguns adolescentes de Nabua. Dois deles me interpretam ao narrarem o filme." – Apichatpong Weerasethakul
VAMPIRE/VAMPIRO | Sud Vikal

Tailândia/França | 2008 | Digital, 19 min.
Em algum ponto da fronteira entre a Tailândia e Myanmar vive, ou costumava viver, uma criatura chamada Nok Phii (em tailandês, "O Pássaro Fantasma"). Se de fato existe, com exceção do "tentilhão vampiro" das Ilhas Galápagos, Nok Phii seria a única espécie de pássaro que se alimenta do sangue de outros animais. Em algumas histórias, ele chega a atacar seres humanos. Em 2007, alguns habitantes de uma vila no norte da Tailândia afirmaram ter visto um casal de Nok Phii em uma montanha afastada. Este pássaro supostamente pequeno, de olhos grandes, nunca foi capturado, vivo ou morto. Não existem vestígios do animal. Sem uma evidência concreta, esse pássaro raro pode ser apenas um animal imaginário associado a um perigo sedutor e a uma aura mítica.

EMERALD /ESMERALDA| Morakot

Tailândia/Japão | 2007 | Digital, 11 min.
Em “O Peregrino Kamanita”, romance budista escrito em 1906, pelo dinamarquês Karl Gjellerup, os protagonistas reencarnam como duas estrelas e levam séculos contando suas histórias um ao outro, até que cessam de existir. Morakot ("Esmeralda", em tailandês) é um hotel extinto e abandonado no centro de Bangcoc, que foi inaugurado na década de 1980, numa época em que a economia da Tailândia se industrializava em alta velocidade. Mais tarde, em 1997, quando irrompeu a crise financeira do Leste Asiático, a ilusão se dissipou. Assim como Kamanita, o Morakot é uma estrela carregada, ou alimentada, por recordações. Apichatpong trabalhou em colaboração com três atores que recontaram seus sonhos, as vidas em suas cidades natais, os momentos ruins e até poemas amorosos para preencher o hotel com novas recordações.

LUMINOUS PEOPLE/PESSOAS LUMINOSAS

Tailândia/Portugal | 2007 | Super-8 para 35 mm, 15 min.
Um grupo de pessoas num barco que viaja pelo rio Mekong, que se estende pela fronteira entre a Tailândia e o Laos. Eles estão navegando contra o vento, preparando uma despedida. No meio do rio, a matriarca da família atira as cinzas do falecido na corrente. O pó esbranquiçado se mistura às águas lodosas. O barco faz meia-volta na altura da ponte que une os dois países. Os passageiros estão cansados e começam a deslizar para seus próprios mundos interiores. O filme se desintegra. A tripulação e o resto do elenco vagueiam pelo rio da simulação. A fronteira une os mundos dos vivos e dos mortos. A lembrança de um pai anônimo falecido se prolonga. O barco continua a navegar enquanto o crepúsculo se aproxima.

THE ANTHEM/O HINO

Tailândia | 2006 | 35 mm, 5 min.
“O Hino” representa uma celebração da arte de fazer filmes e da experiência de assistir a eles. Na Tailândia, antes da exibição de qualquer filme, deve haver a execução do hino real, com o objetivo de homenagear o Rei. Esse é um dos rituais arraigados da sociedade tailandesa, que serve para abençoar algo ou alguém antes de determinadas cerimônias. “O Hino” apresenta um "hino cinematográfico" que glorifica e abençoa a exibição do filme que está por vir. Esse processo de purificação audiovisual é conduzido por três velhas senhoras, que também canalizam energia para a plateia, de modo a clarear as mentes do público.
Serviço

“Apichatpong Weerasethakul”
Oi Futuro no Flamengo
R. Dois de Dezembro, 63 - Flamengo, Rio de Janeiro 
Informações: 21 3131.3060 - www.oifuturo.org.br
Abertura
25 de novembro de 2013 às 19h30

Visitação
26 novembro de 2013 a 09 fevereiro de 2014 
Terça a Domingo, de 11h às 20h
Entrada Franca
Classificação Indicativa – Livre
Sobre o Oi Futuro

O Oi Futuro é o instituto de responsabilidade social da Oi, que emprega novas tecnologias de comunicação e informação no desenvolvimento de projetos de educação, cultura, esporte, meio ambiente e desenvolvimento social. Desde 2001, suas ações visam democratizar o acesso ao conhecimento e reduzir distâncias geográficas e sociais, com especial atenção à população jovem.

Na educação, os programas NAVE e Oi Kabum! usam as tecnologias da informação e da comunicação, capacitando jovens para profissões na área digital, fornecendo conteúdo pedagógico para a formação de educadores da rede pública, e fomentando o desenvolvimento de modelos inovadores. Já na área cultural, o Oi Futuro mantém dois espaços culturais no Rio de Janeiro (RJ) e um em Belo Horizonte (MG), com programação nacional e internacional de qualidade reconhecida e apreços acessíveis, além do Museu das Telecomunicações nas duas cidades.

O esporte é apoiado através de projetos aprovados pelas Leis de Incentivo ao Esporte, tendo sido a Oi a primeira companhia de telecomunicações a apostar nos projetos socioeducativos inseridos na Lei Federal. O programa Oi Novos Brasis completa seu escopo de atuação, reafirmando o compromisso do Instituto no campo da sustentabilidade, com o apoio e o desenvolvimento de parcerias com organizações sem fins lucrativos para a viabilização de ideias inovadoras que utilizem a tecnologia da informação e comunicação para acelerar o desenvolvimento humano.




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